SONETOS - Quatro anos, cinquenta sonetos.

Escrevi setenta sonetos em quatro anos, eliminei certa parte e, em 2006, publiquei cinquenta.
Vários leitores, curiosos e outros indagaram-me a respeito da feitura dos sonetos e também dos motivos que levaram-me a produzi-los.
Este espaço pré-existia ao lançamento do livro e tornou-se então o lugar ideal para a satisfação dos leitores mais afoitos.
Há uma possibilidade gigantesca de eu voltar a produzir neste formato encantador e em desuso. Justamente este: o desuso, é o aspecto que mais encanta-me na literatura.

Forte abraço.

Marcelo Finholdt - março de 2010

segunda-feira, 12 de dezembro de 2005

SONETO VII



Caroline voltou, Caroline e um mistério:
Hesitou e não disse a que vinha... sorriu...
Caroline chorou e em minh'alma buliu,
Futricou, revistou, revirou todo o império.

Caroline deixou todo o clima piério,

Fustigou, provocou, expulsou todo o frio,
Caroline é um mistério a soar feito rio,
Transmutou do planeta um de seus hemisférios.

Caroline sorriu e chorou longamente,

Acendeu toda a luz da casinha modesta,
Cultivou, semeou, adubou as sementes...

Caroline cantou com carinho na festa,

Instigou, cutucou, assanhou docemente,
Fez-se ausente e não disse o porquê da requesta...


Coisas da vida?


Mesmo sem minha permissão Caroline invadia e, infelizmente, descobri agora: ainda invade meu coração. É incrível, mas não consigo estancar o fato que traz-me algum incômodo, perplexidade e uma pequenina indignação...

Ocorre que em se tratando de outras pessoas, sempre consigo barrar tais invasões com muita facilidade... mas nunca, para isso, uso escudos quaisquer, para isso, sempre me transformo em peneira, e logo a energia invasora passa através de mim. Mas Caroline não... Como pode? Acho incrível, Caroline não passa pela peneira, fica ali, grudada, espalhada por entre seus fios, que por mais esparsos que sejam, e são mesmo muito esparsos, nada conseguem fazer, a não ser reter a energia invasora. Quando digo invasora, não digo que seja malévola, e sim algo atrevido, serelepe, talvez até inocente, ou até mesmo natural.
Caroline consegue de fato acender a luz do meu coração modesto, e, logo após, faz-se ausente.



Coisas da vida, da poesia também...

Marcelo Finholdt



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