SONETOS - Quatro anos, cinquenta sonetos.

Escrevi setenta sonetos em quatro anos, eliminei certa parte e, em 2006, publiquei cinquenta.
Vários leitores, curiosos e outros indagaram-me a respeito da feitura dos sonetos e também dos motivos que levaram-me a produzi-los.
Este espaço pré-existia ao lançamento do livro e tornou-se então o lugar ideal para a satisfação dos leitores mais afoitos.
Há uma possibilidade gigantesca de eu voltar a produzir neste formato encantador e em desuso. Justamente este: o desuso, é o aspecto que mais encanta-me na literatura.

Forte abraço.

Marcelo Finholdt - março de 2010

sexta-feira, 23 de junho de 2006

SONETOS XI, XII



És charmosa de fato e ofereces mais vista,
Fazes sombra com brilho às demais da cidade,
Gasto versos pra ti que possuis tal vaidade,
Hesitei por demais a te ver como artista!

Impressionas o belo ao inspirar minhas rimas,
Judiaria seria a poesia sem via.
Lembro sempre da rosa à mulher na boemia,
Movimento o violão ao lembrar de outras primas.

Na verdade o que faço é sentir só prazer,
Ora são, ora não, o que importa é o orvalho!
Pois se passo por ti logo sinto o viver...

Quero flores com mel, das abelhas trabalho!
Restam lírios pra nós, pois só falta cozer...
Sinto o corpo dormir, não me esperes, eu falho!


Dedicado à rua Catorze, escrito durante uma das
madrugadas de boemia e seresta sob a égide do céu...


Marcelo Finholdt
mfinholdt@ig.com.br



És de fato elegante e me excitas a vista,
Fazes pose e és destaque por toda a cidade,
Gasto tempo pra ti, dona de tal vaidade,
Hesitei longo tempo a hesitar como artista!


Impressionas por ser assim feita de rimas,
Judiaria seria a magia sem via,
Lembro a casa que é azul, rosas nuas, boemia...
Movimento o verão, vejo as Veras e as Primas!


Na ciranda da vida escolhi ter prazer,
Ora eu sou, ora tu és, entre nós nosso orvalho!
Pois vivemos pra nós, isto sim é o viver...


Quero o fruto da flor que me inspira ao trabalho,
Restam flores que não mais se podem cozer...
Sinto o lírio viver, pois me esperes, não falho!




Dedicado à rua Catorze, escrito durante uma das
madrugadas de boemia e seresta sob a égide do céu...




Marcelo Finholdt
mfinholdt@ig.com.br


Certa vez, em uma das minhas “andarilhanças” pela cidade, notei uma rua especial. Uma rua que conheço desde tenra idade: Rua Catorze, a rua da avó Emília, onde minha irmã e eu almoçavamos Nhoque aos domingos com toda nossa família paterna.

Após o almoço eu ficava no alpendre admirando: a rua sempre limpa, seus sobrados, suas plantas floridas e as casas de arquitetura antiga e cheias de história. Era um encanto. Eu? Eu tinha apenas nove anos.

Certa vez, depois de uma década e meia, já adulto e boêmio, fui lá com uns amigos(as) a fim de nos “apoderarmos” de algumas dúzias de rosas no jardim da casinha azul com o intuito de fazermos serestas para moçoilas da cidade. Eram... as rosas, um dos ingredientes de nossas noites daquela época, juntamente às bebidinhas, o violão, cigarros e muita, muita poesia mesmo.

Nossa casa? Não havia outra, a não ser o asfalto como piso e o céu o forro, o teto de nossa libertinagem. (para não dizer vadiagem)

Um dia, sozinho na madrugada e na ruazinha em questão, fiz este poema. Encostado no carro, a bebidinha ao lado, lírios no painel, violão e aquela solidão de sempre a me acompanhar! Produzi catorze versos em puro “delírio”, versos estes que são os do primeiro soneto.

O segundo, trata-se de um pequenino e imbecil arrependimento por aquelas noitadas de delírio e poesia, por isso a contradizer o primeiro soneto.

Um abraço aos amigos Bardos, assim feito eu, e a todos que possuem sensibilidade para sentir as coisas, que por mais inanimadas que sejam, nos passam toda a sua energia, sua história.
Sintam meus amigos, sintam com o coração! enquanto puderem...



Marcelo Finholdt – 23/06/2006

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