SONETOS - Quatro anos, cinquenta sonetos.

Escrevi setenta sonetos em quatro anos, eliminei certa parte e, em 2006, publiquei cinquenta.
Vários leitores, curiosos e outros indagaram-me a respeito da feitura dos sonetos e também dos motivos que levaram-me a produzi-los.
Este espaço pré-existia ao lançamento do livro e tornou-se então o lugar ideal para a satisfação dos leitores mais afoitos.
Há uma possibilidade gigantesca de eu voltar a produzir neste formato encantador e em desuso. Justamente este: o desuso, é o aspecto que mais encanta-me na literatura.

Forte abraço.

Marcelo Finholdt - março de 2010

quinta-feira, 14 de março de 2013

SEMENTES




Era um dia nublado e o passado passava
Entre o hoje e invadia o futuro dos dias
Mesmo assim poesia insistia, queria
Mais do dia, da Lua e do Sol que dourava.

Era um dia insistente, um passado presente
Entre os dias assim: já sem cores, sem tom
Mesmo estranho e sem cor, sem sabor e sem som
Mais do antigo, do velho e do arcaico insistente.

Este ranço, esta nódoa abraçava a poesia
Mesmo assim pegajosa agradava, enjoava,
Revirava, azedava, espumava, era azia.

Este nojo, esta caca explodia e rimava,
Mesmo assim melecava e lustrava; fedia,
Ressecava, sumia e outro mundo gerava.   

Um comentário: