SONETOS - Quatro anos, cinquenta sonetos.

Escrevi setenta sonetos em quatro anos, eliminei certa parte e, em 2006, publiquei cinquenta.
Vários leitores, curiosos e outros indagaram-me a respeito da feitura dos sonetos e também dos motivos que levaram-me a produzi-los.
Este espaço pré-existia ao lançamento do livro e tornou-se então o lugar ideal para a satisfação dos leitores mais afoitos.
Há uma possibilidade gigantesca de eu voltar a produzir neste formato encantador e em desuso. Justamente este: o desuso, é o aspecto que mais encanta-me na literatura.

Forte abraço.

Marcelo Finholdt - março de 2010

quarta-feira, 24 de março de 2010

SONETO XXII



Por Marcelo Finholdt

"Nossa vida se pede, outra vida concede,"
Inspirado em entrevista de Carlos Drummond de Andrade,
concedida ao programa "Conexão Roberto D'Ávila" - 1984.


Nossa vida quer mais, nossa vida só pede,
Nossa vida é uma vida esculpida nas vidas!
Nossa vida quer mais é curar as feridas,
Nossa vida não tem um lugar, uma sede!

Nossa vida se pede, outra vida concede,
Nossa vida de fato é encontrar mais saídas,
Nossa vida é saber acenar quando há idas,
Nossa vida importante é o que sempre precede...

Nossa vida não quer outra mão, outro braço,
Nossa vida precisa... é de vidas inteiras,
Nossa vida não quer a vivência de um baço...

Nossa vida é viver procurando maneiras,
Nossa vida é ganhar, nem que seja no laço,
Nossa vida no espaço entre os fios das peneiras...



Pois é meus amigos!
Outra vez o amigo de vocês aqui, às voltas com a poesia antiga.

O paralelismo é um recurso das Cantigas Medievais.
Constitui-se na repetição de um verso ou parte dele, no caso, apenas uma parte do primeiro verso foi repetida por todo o soneto, o que dificultou muito mais sua composição: foi preciso manter a semântica, a métrica, ritmo, rimas... o conteúdo afinal.

Confesso que este soneto - a meu ver - é um dos melhores, dentre os cinquenta que publiquei em 2006.

Um abração a todos.

Marcelo

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